O teu corpo de brisas
em sangue puro
que penetra no concreto dos edifícios.
Rosa de pedra em meu coração.
Um lírio cresce em minha boca,
mas jamais será flor.
Arranquei-o quando duas mulheres.
Sonho.
Há pedras pelo céu.
As pedras pelo céu.
E no teu corpo
lágrimas,
chuva eterna.
E terna.
O meu coração
no alto de um edifício.
O meu coração sem sangue.
Pelas ruas a mulher passa.
E passa.
O teu corpo passa
e a minha alma fica.
Minhas mãos afogadas
em formigas negras.
Esterilidade de carícias.
Oceano de insetos.
Quando as aves movem o céu
e o sol arrebenta suas ondas
na luta contra as paredes brancas dos edificios,
há mortes entre as sombras quentes das calçadas.
Há uma ausência tremenda de coxas femininas,
e nos viadutos,
rios de ferro
gritam sua dor.
Mas quando eu sonho.
Lírio.
Rua.
Mulher.
E o amor brotará das calçadas,
derrubando os edifícios
e terá enfim o beijo do sol.
Sorocaba,17-01-1997,18:00, Bar do Zé(Correio)
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