terça-feira, 25 de novembro de 2008

Cadeira

Cadeira.
Imobilidade
da matéria
morta.
Esqueleto.
Objeto.
Com o objetivo
de suportar
o calor
da matéria
viva.
Cadeira.
Madeira morta.
Forma fria.
Estofo.
Borracha e espuma.
Plástico e metal.
Simples.
Muda.
Humilde.
Presente.
Escrava.
E é isso!
Ponto final!
É assim a maneira do homem
perceber a cadeira.
(Mas...
quando a Poesia
rasga
e ressuscita
em novas formas
as palavras
revelam-se
as essências
ocultas
infinitas
espíritos
verdadeiros
das coisas.)
Cadeira!
Mundo indecifrável!
Ser intangivel!
Teus padrões infindos,
espelhos,
espalham-se,
confundem-se
em formas
universais.
Tua alma é um horizonte
quente de conforto.
Discursos.
Decisões.
Revelações.
Habitat de insetos.
Na memória da tua matéria
ficam
os beijos
as lágrimas
as palavras
quando
estes
já não existem mais.
Cavalgas com tuas pernas
pelo mundo todo.
Soberana!
E possuis dignidade
até no teu abandono
enferrujada
carcomida.
Plena de momentos
e de almas.
E quando
todos os homens
estiverem mortos,
as cadeiras,
libertas,
sonharão.
Sorocaba,16-02-1997,02:15hs

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