sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Lamentação de Érica (Amiga do colégio)

Atravesso todas as madrugadas,
a solidão da cidade,da alma.Da minha alma.
Busco algo que não sei o que é.
Além.Muito além.
Olho para cima e gemem dez mil nuvens.
Choro até secarem todas as minhas lágrimas
e meus olhos verterem sangue.
Onde estou?
Onde estou que não sei para aonde quero ir?
Não sonho.
Sou feita de uma esperança esquecida,perdida.
A minha última ilusão assassinei à muito tempo atrás.
Tenho medo dos filhos que não terei.
E quebro um relógio,esperando sentada,
a felicidade impossível.
As minhas mãos despetalam uma rosa
e choro angustiada pelo céu de pétalas,
pois não conheci o seu segredo máximo.
Não acho a saída do labirinto,
incertezas do espírito.
Nas minhas mãos carrego o sentido da vida,
mas não consigo enxergá-lo.
Sou uma tempestade e estou trovejando,
arrastando tudo em furioso turbilhão.
Destruição.
Caio em infinitas gotas,
molhando,
buscando
um pouco de terra
onde eu possa brotar.
O que eu amo não existe,
o que eu amo é um anjo triste
que flutua nas nuvens dos meus olhos!
Meu amor!
Pensei que fosse poesia,
mas é apenas fantasia!
Mesmo assim,estou afogada na sua imagem.
Oh,meu amor destruidor de negras madrugadas!
Sou neve e você é sol!
Quando os seus olhos,
o gelo do meu coração se transforma
em fogo líqüido em minhas veias.
Mas tenho medo de tocá-lo!
Tenho medo de me ferir.
Eu sou feita de vento e você é vidro.
Cortante.
Acariciá-lo como sem me ferir e sem o quebrar?
...
Queria que o céu fosse o meu noivo,
mas ele já está casado com as estrelas.
Junto os infinitos pedaços do meu coração e sigo adiante,
abraçada à uma flor que não tem nome.
Nasci ontem,mas meus olhos já viram tantas coisas
e minha alma já provou muitas dores.
Quero descansar.
Sentar à sombra de uma grande árvore,
longe de tudo,abraçada ao meu anjo.
E finalmente sentir a felicidade,
a Verdade da Vida,
dentro do meu ser.
Radiante.
Resplandescente.

Sorocaba,21-07-1995,03:00

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