segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Noturno da Solidão

Tenho em minhas mãos um céu sem pássaros.
Triste azul sem nuvens.
Triste.
Há em minhas mãos
um vazio de corpos pavoroso.

Silêncio da carne que sofre
a ausência de outra carne.
Sinto
o tempo penetrando meus olhos como um cão,
destilação sem fim da alma.

Os meus braços abraçam vazios insuportáveis.
O chão que eu piso,
pedra.
Meus pés,raízes secas sem terra.
Minhas mãos,pássaros sem céu.

No meu coração uma avenida larga,
nos meus olhos uma eterna noite,
negra,
devora-me,quebra meus ossos.
E jamais uma Lua,jamais uma Aurora.

Eu sinto os meus lábios secando
e vejo minhas mãos murchando.
Tempo:
apenas peço uma Aurora que desfaça o negro em rosa
e que ponha os pássaros no céu das minhas mãos.

Sorocaba,11-02-1997,05:00hs

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