segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Cidade

Cidade.
Linhas retas
concretas.
Concreto
contra
o céu.
Matéria recortando
nuvens e azul.
Tristeza que se eleva em cinzas,
massa sólida que busca alturas.
Agonia das antenas enferrujadas,
riscos no horizonte.
E as janelas,
espelhos frustrados
do sol horizontal.
Alturas,oh alturas de imobilidade!
Ansiedade inúltil do desejo
do beijo do céu.
As ruas,
rios de calor negro e borracha.
Óleo e sangue.
Rios de pedras.
Os postes,humildes,
em suas orações de luz,
esquecem sempre que os seus fios
são navalhas que rasgam,
abrem veias retas e negras,
ruas nas brancas nuvens.
Os fios dos postes,
unhadas do homem no céu.
Sol,
luta de sombras.
Chuva,
lixo pelas ruas.
Homem,
coisa sem sentido,
devorado pela Cidade.


Sorocaba,18-01-1997,05:00hs

Nenhum comentário: