segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Tombeau para o professor de Geografia Eneo Garanhani

O seu corpo imovelmente imenso
na imensa imobilidade da sua cama.
Meu querido Professor!
Meu Mestre morto!
Pássaro liberto,
menino sem dor.
O seu rosto é o mapa do mundo num rosto
e a sua mão sobre a outra sua mão.
Imóveis!
Todo o seu corpo.
Os seus olhos fechados.
Seus lábios secos.
Seu silêncio absoluto.
Imóveis todos os relógios
e morto o tempo.
O corpo imóvel e imenso na cama
me destrói,
afunda-me em seu sepulcro ainda não aberto.
Rasgo-me com garras de dor e passado
inalcansável!
Tento lembrar dos dias felizes
mas nascem lágrimas.
A dor é profunda
como o túmulo.
A dor é imensa
como a cama
imóvel e imensa.
Como seu corpo
imóvel e imenso
e morto.

Sorocaba,02-01-1997,04:00hs

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